Muito do mundo que conhecemos é feito de assimetrias de informação. Na verdade, na maioria dos casos, informação é, literalmente, poder. No sentido mais primário ter mais informação permite tomar decisões mais avalizadas, contemplando diversas alternativas e o risco/retorno de cada uma.
Em termos políticos, informação sobre o mundo e possíveis “futuros” deveria permitir tomar melhores decisões em função do bem-estar geral, embora hodiernamente esta informação seja na verdade alavancada para conhecer/controlar o que cada um de nós faz na sua privacidade (como acontece, sobretudo, nos EUA). Nos mercados, informação sobre clientes permite às empresas desenhar melhores produtos e aumentar a fidelidade e satisfação destes (nas nossas relações online geramos hoje milhões de pontos de dados que são “minados” para traçar comportamentos e perfis, permitindo a criação de ofertas individualizadas ou, dirão os cínicos, permitindo aumentar a capacidade de nos venderem algo que não sabíamos que desejávamos). Informação sobre os concorrentes permite antecipar as suas estratégias e conceber produtos que excederão ainda mais a expectativa dos consumidores (ou atirar empresas para fora do mercado, como faz a Amazon com o seu software que compara automaticamente, ao segundo, os seus preços com os de milhares de concorrentes online, baixando o preço dos próprios artigos sem intervenção humana). Informação sobre fornecedores (quer sejamos clientes finais ou empresariais) permite escolher melhores produtos e serviços a preços razoáveis (veja-se a proliferação de sites de avaliação de telemóveis, restaurantes, férias, comparação de voos, etc.).
Mas toda esta informação não está igualmente distribuída. Por exemplo, normalmente os clientes finais não têm informação sobre a estrutura de custos dos seus fornecedores. É desta forma que um Iphone pode ser vendido com uma margem de lucro tão elevada ou que a indústria dos produtos de consumo doméstico – dos detergentes aos produtos de limpeza – é, numa avaliação a 40 anos, das mais rentáveis do mundo (ninguém se questiona se o seu champô custou 0,50€ a fabricar ou, em outro setor, se a maioria das peças de roupa custam 1€ à saída da fábrica). Muitas vezes é do interesse dos vendedores diminuir essa assimetria, como é o caso de quem vende trabalho (nesse sentido a Formação funciona como um sinal de conhecimento e competência transmitido ao mercado). Contudo, a verdade é que apesar da explosão da internet, de todos os sites sobre empresas e seus produtos, sobre Governos e sua (in)transparência, a informação continua a estar ao serviço dos que já têm maior poder, agravando as assimetrias.