Em tempo de eleições, mais importante do que o fogo-fátuo dos média, comentário político assente em ego vazio ou “achismo” ou soundbyte de relações públicas, torna-se imperioso olhar para números e perceber o que se passou nestes últimos quinze anos (e, por inerência, nos últimos 4), retirando daí conclusões sobre a governação. Para uniformidade de análise, todas as informações seguintes foram retiradas do Eurostat para Portugal e para a UE a 28 (o que nos dá uma comparação menos díspar, porque inclui países menos desenvolvidos).
Começando pela riqueza, verificamos que em 2000 o PIB per capita de Portugal era 79% da UE a 28 e, em 2013, era de 78% (em 2009 era 81%, tendo o país empobrecido face à média da UE não só desde a crise mas também desde o início do ano 2000). De 2001 a 2005, o crescimento médio real do PIB português foi de 0,9% (face à média da UE de 1,9%), de 2006 a 2010 foi de 0,6% (média da UE de 0,9%) e de 2011 a 2014 foi de “menos 1,6%” (contra, apresar de tudo, um crescimento médio de 0,6% na UE). Esta sequência ilustra aquilo que chamamos hoje de década perdida (ou 15 anos perdidos). No ano 2000 a produtividade portuguesa era de 62,3% da média da UE, sendo em 2013 de 65,3% (em 2009 era de 65,8%). Neste período de 15 anos a dívida pública passou de 50% do PIB para 130%. De 2000 a 2014 as exportações portuguesas cresceram menos do que a média da UE. Todavia, nos últimos anos (2010 a 2014) cresceram, de facto, acima da média (30% contra 27% da média da UE), uma performance positiva, mas não extraordinária.
Onde o país fez progressos excecionais foi a nível do investimento público com maior retorno – a Educação (pena é que ele se perca na emigração). Em 2000 apenas 19,4% da população ativa tinha pelo menos o ensino secundário. Este é um dado que só por si explica muito do nível de atraso do país, já que em 2000 na UE este nível era de 65%. Em 2014 este índice era, no nosso país, de 43,3% – um aumento de mais de 100% (a UE cresceu para 76%). Infelizmente tanto a despesa em Educação como em I&D (que também havia crescido mais de 100% desde 2000) desceram nos últimos anos (desde 2010 a despesa em I&D caiu 10%, face a um decréscimo de 2,7% na UE). Este pequeno descritivo vale o que vale, mas são números que nos mostram um país à deriva durante mais de 10 anos, com mais problemas económicos do que financeiros, em que ninguém apresenta soluções credíveis para um futuro mais próspero.