Crónicas de Gestão | (R)evolução Nacional

A recente vitória portuguesa do campeonato da Europa foi esmiuçada pelos mais diversos órgãos de comunicação social, focando os mais variados aspetos. Apesar de todos os seus defeitos, como aficionado de futebol admiro este desporto por ser epítome de como a equipa pode ser mais importante do que a soma das suas individualidades (a famosa sinergia da Gestão). A nossa seleção demonstrou isso, porque podendo não ter todos os melhores jogadores do mundo para as suas posições, teve a melhor equipa, a mais coesa e a mais motivada (discutivelmente C. Ronaldo é o melhor jogador do mundo e, mesmo para aqueles que gostam mais de Messi, relembro que pelo menos o nosso CR7 paga impostos).

 

Foi também um interessante exercício de Liderança, com a transformação de Ronaldo de estrela (muitas empresas têm também os seus colaboradores “estrela”) num líder (sobretudo “transformacional”, dada a forma como os seus colegas se identificaram com ele e foram capazes de ir mais além). Por outro lado, esta vitória tem o seu quê de Quinto Império, do renascer de uma nação acossada pela dívida, pela Comissão, pelo desemprego, pela corrupção e pelos seus próprios defeitos, uma nação que tem de fugir à sua excessiva modéstia e ganhar confiança para aceitar a sua capacidade de se exceder (os bons exemplos que hoje povoam os livros e programas sobre Gestão têm de ser a norma e não a exceção). Por outro lado, os efeitos de imagem terão um impacto positivo a nível da identificação das marcas nacionais com sentimentos de maior excelência, inclusive a marca do próprio país (gerando maior atratividade no turismo). Ora, esta atração do turismo poderá gerar efeitos inesperados (esta será a boa notícia aquando da informação sobre o PIB do 3.º trimestre).

 

Infelizmente, esta conjuntura algo positiva esbarra na miopia europeia, na crise do terrorismo, no Brexit, na forma evidente como a moeda única prejudica a periferia, na esquizofrenia da Comissão Europeia e nos vícios próprios. Talvez este seja um sonho otimista, onde não existe uma banca a ruir (não fez a troika uma análise e intervenção em Portugal? Ter-se-ão esquecido de levantar o tapete?), mas não deixa de ser um sopro positivo num mar de dificuldades.

 

Crónica de Gestão publicada na edição de 28 de julho de 2016 do Jornal de Leiria