Formação de empresários

Nos últimos anos assistimos a inevitáveis mudanças no mundo do ensino e da formação de executivos e empresários, que derivam de transformações económicas, sociais, políticas e tecnológicas. A ascensão económica da China e do sudeste-asiático criou a necessidade de formação executiva e de empresários para milhões de novos profissionais, ávidos de utilizar ferramentas para aumentar o desempenho (em 2010, a China produziu mais de 6 milhões de licenciados). Neste sentido, o movimento das marcas globais de ensino (Harvard, Stanford, Wharton, etc.) intensificou-se com abertura de polos e de programas um pouco por toda a Ásia (movimento que continuará em direção à América do Sul e África). Por outro lado, a educação libertou-se da tirania do tempo e da localização. Hoje, a maioria dos cursos é concebida para ser lecionada de forma presencial, mas também online (muitas vezes assincronamente), removendo alguma da linearidade do processo educativo. Nesta lógica, as marcas globais de educação têm reforçado a sua notoriedade com ofertas de cursos online (onde estudantes de todo o mundo partilham a “sala de aula”). Curiosamente, esta estratégia foi antecedida pela ascensão do movimento de acesso livre ao ensino, promovido por organizações como a Khan Academy ou o projeto TED, que potenciam a democratização global do ensino. É neste espaço de ofertas globais online, de ferramentas de acesso livre, que surge o imperativo de uma formação de executivos e de empresários mais customizada para as necessidades reais das PMEs e dos seus gestores, como o fazemos da D. Dinis Business School.

Contudo, a necessidade de Formação de empresários é um tema com algum grau de polémica no contexto português e mesmo da Região. Reconhecendo como ponto de partida que temos alguns dos gestores e empreendedores mais capazes do mundo, a verdade é que a maioria dos empresários portugueses regista um défice de conhecimentos avançados em gestão. Vários estudos têm apontado este facto. Em 2015, um relatório do FMI apontava para que “a produtividade dos trabalhadores, sobretudo dos menos qualificados, depende também das qualificações dos gestores”, defendendo que se deve “rever a eficácia e amplitude dos programas para promover as competências de gestão em Portugal”.

Também de acordo com um estudo realizado pela consultora Mckinsey, junto de 4 mil empresas nos EUA, Ásia e Europa, Portugal aproxima-se dos últimos lugares em termos de qualidade da gestão. Já outro estudo, dedicado ao “talento global”, realizado pela escola de negócios IMD (International Institute for Management Development), evidenciou que os gestores portugueses são os menos empreendedores do conjunto das 55 economias analisadas. Nas nossas empresas predominam as más práticas de gestão, a formação profissional dos colaboradores está longe de ser uma prioridade e as companhias têm uma fraca capacidade de adaptação às alterações do mercado. As fragilidades detetadas não demonstraram melhorias face ao relatório anterior de 2007 (é o caso das práticas de gestão, que caíram uma posição, ocupando o quarto lugar a contar do fim da tabela; ou o caso do esforço de formação profissional dos colaboradores, onde Portugal passou a constar no 53º lugar do “ranking”; e é também o caso na capacidade de atracão e retenção de talentos: deslizou da 53ª para a 52ª posição). Portugal, no “ranking” que avalia a eficácia nos negócios é 44º, o que se traduziu numa aproximação à Grécia, que desceu sete posições face a 2007 e está agora na 43ª posição. Finalmente, num estudo liderado pelos investigadores Nicholas Bloom e John Van Reenen (de Stanford e da London Business School), que juntou 8 mil empresas em 20 países, Portugal fica em 14º no que se refere às práticas de gestão (isto apesar de mais de 70% dos gestores inquiridos, numa autoavaliação, considerar que possui práticas de gestão acima da média). A qualidade média da gestão em Portugal aparenta ser baixa, o que não quer dizer que as empresas portuguesas mais bem geridas não sejam tão bem geridas como as melhores empresas do mundo (o problema é a proporção de empresas mal geridas). Os autores encontraram ainda uma correlação negativa entre o desempenho em gestão e a não dispersão do capital (concentrado em mais de 25% num acionista), embora verificando que quando existe um Diretor geral externo em empresas familiares, estas são, em média, tão bem geridas quanto empresas com acionistas dispersos.

Esta qualidade da gestão pode ser melhorada e Portugal possui algumas das Escolas de Negócios mais bem preparadas da Europa (a nível nacional, como a U. Católica e a Nova School of Business, e regional, como é o caso da D. Dinis). Contudo, tem havido nos últimos anos uma não aposta em formação de executivos (as empresas com menor dimensão não investem nesta área) ou uma aposta em formação pouco diferenciada (financiada por programas europeus). Será possível melhorar as competências de gestão a curto-prazo, o que permitirá transformar pequenas em médias empresas, e profissionalizar a gestão de médias empresas, tornando-as ainda mais competitivas, criando bases para a existência de empresas nacionais com maior dimensão.

 

O Mini-MBA é uma das formações que a D.Dinis Business School tem à sua disposição. Saiba mais sobre ela aqui.