Pioneiros circulares precisam-se!

Economia Circular Luísa Marques

No dicionário Priberam, entre as definições de “Pioneiro”, está “que ou quem vai à frente”. Os Pioneiro Circulares vão à frente da transição para a Economia Circular.

Desbravam caminho para todos, os que se espera, venham a seguir. E esta, não é nenhuma tarefa fácil!

Numa economia predominantemente linear, os pioneiros circulares operam em condições de desigualdade com os restantes agentes económicos. Frequentemente têm que superar desafios em termos de falta de procura (leia-se aceitação do consumidor); em garantir fornecimento contínuo de materiais (reutilizados); em oferecer produtos a um custo semelhante a produtos de economia linear; em arranjar financiamento.

Pioneiros circulares criam produtos de matérias considerados resíduos, desenvolvem modelos de negócio baseados em serviços, estabelecem cadeias de proximidade e têm em consideração o fim de vida do produto. Semeiam mudança com criatividade e determinação de quem quer ser agente de mudança. Eles são empreendedores e empresas corajosos, verdadeiros líderes na demonstração que uma economia mais circular é possível, também em Portugal.

Chega-nos inspiração de norte a sul, e são já muitos e bons os exemplos de empresas e projetos em várias indústrias, do agroalimentar, às embalagens, têxtil, calçado, tecnologias de informação, construção; e a trabalhar sobre diversas estratégias – reutilização, reparação, upcycling, bioeconomia. Eles são cogumelos que crescem de borras de café numa quinta urbana em Lisboa (Nam); tacos para paletes feitos de plástico reutilizado que se formam numa antiga fábrica de tijolo em Leiria (Plasblock); roupa criada por designers e personalidades nacionais a nascer das mãos de costureiras seniores a partir de deadstock num atelier no Porto (Vintage for a cause); frutas e legumes salvos do desperdício por dois estrangeiros em Lisboa (Equal Food Co); software e serviços de logística para a reutilização de bens duradouros começado com um grupo de jovens em Coimbra (The Loop Co); bens duradouros salvos de aterro que saem da imaginação de quem lhes consegue dar uma nova vida no Porto (Alexandra Arnobio Upcycling projects), só para nomear alguns.

Mas não chega. O mundo é só 8,6% circular1Precisamos que a economia circular saia dos livros e venha para a rua, seja praticada por todas as empresas, abraçada por todos os consumidores, seja nutrida e apadrinhada pelos governos. Precisamos, não só de demonstração, mas de implementação. Precisamos de mais pioneiros circulares!


Escrito por Luisa Marques, Direção, Circular Economy Portugal

The Circle Economy Gap (2021)