Nestas crónicas já discutimos o facto de que a longevidade é um traço incomum nas empresas, existindo, de acordo com um estudo do banco central da Coreia do Sul, menos de 6000 empresas com mais de 200 anos (nos 41 países estudados) e dessas apenas 89% empregam mais de 300 pessoas. Sabemos que a esperança média de vida das empresas em geral no mundo ocidental desceu para cerca de 10 anos e a esperança média de vida das empresas constantes do índice S&P500 caiu de 67 anos, na década de 1920, para apenas 15 anos nos dias de hoje.
A morte anunciada de cada vez mais empresas é um facto interessante que nos faz refletir sobre o prémio nobel Ronald Coase, que nas suas teorias demonstrou que as empresas existem porque é simplesmente mais barato coordenar pessoas e projetos sob um mesmo teto, para produzir bens e serviços (reduzindo os chamados custos de transação de negociação, pesquisa de mercado, etc.). Hoje em dia, a diminuição dos custos de comunicação e coordenação reduz a necessidade de fazer determinadas tarefas dentro da empresa, contrariando a aceção anterior. Contudo, esta não será a razão para a morte mais rápida das empresas. Por um lado, como aqui já argumentámos, a mudança tecnológica acelerada (principalmente a disruptiva), a competição global e a falta de capacidades de aprendizagem levam muitas empresas a desaparecer mais rápido. Por outro lado, um estudo que acompanhou 25 mil empresas nos EUA durante 40 anos, descobriu que muitas destas empresas não estão simplesmente a desaparecer, mas sim a ser adquiridas ou fundidas, sendo esta a razão mais frequente para o seu desaparecimento.
Este facto é particularmente interessante porque demonstra uma capacidade de crescimento, incorporação de novas competências e dinâmica de mercado – estas empresas crescem e evoluem, sendo parte da “destruição criativa”. Contrastando com este facto, em Portugal e na Europa registamos um nível de fusões e aquisições bem menor, com as empresas presas a lógicas de competição clássicas, diminuindo assim a sua capacidade de ganhos de dimensão para exploração de mercados exteriores ou de incorporação de novas competências (técnicas ou comerciais). Este é um traço influenciado pela cultura e pelo grau de sofisticação da gestão, mas que terá de certa forma de mudar (ainda que ligeiramente) para permitir um maior crescimento.