Empreendedorismo e risco | Crónicas de Gestão

O empreendedor moderno substituiu a “estrela de rock”. Muitos jovens sonham em ser o novo Elon Musk, o novo Zuckerberg ou a nova Cristina Fonseca (TalkDesk). Vivemos numa sociedade onde estes nomes são identificáveis globalmente, mas ninguém conhece nomes como Tim Bernard Lee (inventor da Web) ou William Shockley (inventor do transístor). As invenções são apenas uma peça inicial de um puzzle, onde o inventor, quem cria valor de mercado, é a unidade maior e reverenciada. Deste modo, potenciar oportunidades de negócio, ser criativo, participar da “viagem” empreendedora é o sonho de muitos jovens. Sabemos hoje que há vários tipos de empreendedorismo como o social (potenciar oportunidades de valor social), corporativo/intra (lançar novas ideias dentro de uma grande empresa), “startup” (aquele que procura criação de negócios de crescimento muito rápido) e o de pequenos negócios/empresarial (a criação mais clássica de empresas, em que a Região de Leiria foi sempre um exemplo). Este empreendedorismo pode ser fomentado pela necessidade (quando o negócio é criado pela necessidade de sobrevivência) ou pela oportunidade (quando o empreendedor cria um empreendimento porque acredita que gerou algo novo que não existe no mercado). Estes dois tipos de empreendedorismo explicam (parcialmente) porque países mais pobres têm níveis de empreendedorismo elevado (sobretudo empreendedorismo por necessidade), países de rendimento médio revelam níveis baixos e países de rendimento alto têm, de novo, níveis de empreendedorismo elevado (por oportunidade). Esta taxonomia explica também porque em cenários de crise o empreendedorismo tende a disparar (o desemprego leva a mais empreendedorismo por necessidade). Sabemos que para ser empreendedor a resiliência é, sem dúvida, uma característica necessária para o sucesso; muitos empresários notáveis experimentaram o sucesso depois de liderar empreendimentos fracassados. Contudo, uma recente pesquisa realizada nos EUA pelo National Bureau of Economic Research descobriu que os fatores ambientais (e não os comportamentais/genéticos) influenciam mais o sucesso dos empreendedores. A educação, a experiência e a existência de uma rede de segurança e de amigos/família que disponibilizem capitais iniciais é essencial para reduzir o risco e potenciar o empreendedorismo (dados do Global Entrepreneurship Monitor mostram que mais de 80% do financiamento para novos negócios vem de poupanças pessoais e amigos ou familiares). Resumindo, para potenciar novos negócios por oportunidade é essencial reduzir o risco e potenciar a existência de mecanismos que substituam a rede para todos aqueles que não têm a sorte de ter essa segurança.

Crónica publicada no Jornal de Leiria