O mundo está em constante mudança e os antigos paradigmas dificilmente nos ajudam a raciocinar sobre novos problemas. Há 15 anos, antes do 11 de Setembro, ninguém preveria um mundo tão complexo, com fenómenos que levaram à ascensão de movimentos socialmente retrógrados e criminosos, baseados em interpretações abusivas da religião (note-se que essas interpretações não são exclusivas do Islão, para tal basta ver a influência do Evangelismo radical americano na sociedade, com consequências no ensino, nos atentados a clínicas abortivas, etc.). Esta polarização que leva à geração de movimentos de “nós contra eles” é tão mais paradoxal, quando através da tecnologia percebemos que o mundo é composto por pessoas muito semelhantes, ainda que enraizadas em histórias e culturas dissemelhantes.
Obviamente, que como em todos as áreas de ação humana, existem lógicas de poder por detrás desta polarização, já que estes projetos pseudo-religiosos são projetos políticos, em que muçulmanos, cristãos ou judeus são instrumentalizados a bem de uma vontade maior (não divina, mas muito falivelmente humana). Atentados em nome de Deus são cometidos há milénios, mas que se saiba os Deuses nunca vieram a terreno arrecadar os louros, porque são os Homens quem trilham os caminhos de todas as guerras. Será hoje fundamental perceber quem financia o terrorismo, da mesma forma que deveremos perceber quem financia novos colunatos em Israel ou quem financia os programas evangélicos norte-americanos. Este novo estado político gerou um mundo mais imprevisível (com efeitos claros na economia), um mundo mais vigiado, onde estamos sempre a perder um pouco mais de liberdade a favor de um pouco mais de segurança (e, como dizia Benjamin Franklin, quem o faz não merece nem uma, nem outra) e, ainda, um mundo menos democrático (a maioria dos chefes de Estado presentes na grande manifestação em França tem no seu curriculum intervenções nacionais na limitação ao direito à liberdade de expressão, desde a clara e politicamente motivada prisão de jornalistas até à sua condenação em tribunal em pseudo-processos de difamação – uma forma soft de silenciar a imprensa).
Para uma empresa, não só este ambiente carregado de incerteza é problemático, porque toda a informação que ela possui é sobre o passado e as suas decisões são sobre um futuro dúbio, como a sua atividade seria sempre otimizada em ambiente democrático, gerador de igualdade de oportunidades, não só para os indivíduos, mas também para as empresas exprimirem as suas atividades.